A subida das taxas Euribor em todas as frentes (a Euribor a três meses, a única que ainda se mantinha negativa e atingiu terreno positivo) não parece estar a afetar a intenção das famílias portuguesas em comprar casa.

As estatísticas indicam que as pessoas mudam de casa de dez em dez anos, mas com a pandemia, por causa do percurso de valorização que o Mercado Imobiliário sentia desde 2013, muita gente pensou que era excelente altura para mudar de casa. Portanto, o mercado ficou ainda melhor na pandemia e até compensou a queda da procura dos estrangeiros, que, entretanto, já voltou. De facto, nos últimos dois anos muitos portugueses mudaram de casa porque apesar de tudo sentiram a economia estável, olharam para as taxas de juro baixíssimas e, aproveitando a valorização das casas, queriam uma habitação melhor, com mais espaço exterior e pensaram em aproveitar o momento.

Um efeito que ainda se sente apesar das recentes mudanças no rumo das taxas Euribor.

A falta de casas novas no stock de imóveis disponíveis para vender continua a assegurar um ritmo rápido de transação o que acaba por alimentar as dinâmicas do mercado. Quem vende com boa valorização a sua casa, compra outra dentro dos seus novos parâmetros, provocando um impacto direto na construção e reabilitação.

O fenómeno da procura de habitação nas periferias de Lisboa que se consolidou com a pandemia e a possibilidade de teletrabalho moldou o mercado de oferta de habitação a esta nova realidade.

A oferta da tipologia de moradias está a alterar-se para responder à capacidade real de compra dos portugueses. Existem muitas moradias de tipologia V2, que era algo praticamente inexistente até à pandemia, pois era tudo acima de T3. E neste momento, sobretudo no produto novo que está a ser colocado no mercado e exatamente para poder responder ao poder de compra dos portugueses, começa a surgir mais oferta de moradias V2.

Os mercados que mais crescem neste tipo de produto estão integrados na Área Metropolitana de Lisboa com destaque para Mafra e Vila Franca de Xira.

Quase como uma democratização da chamada vivenda. O fenómeno que está a acontecer é que os construtores estão a fazer moradias para a classe média e essas têm de ter uma tipologia mais pequena para poderem apresentar preços mais baixos.

 

Fonte: Visão

 

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